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Bachata sertaneja: a sofrência latina que veio para ficar

Por: Hannah Baudson

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O que é bachata sertaneja? A princípio, você pode não conhecer a bachata pelo nome, mas com certeza já ouviu marcas desse estilo musical em produções de artistas gigantes do sertanejo. A música latina tem participação em nossa cultura há muitos anos, e viveu o embate cultural presente no período de urbanização do Brasil por volta de 1950. O ritmo da bachata, nascido na República Dominicana nos anos 1960, é um dos estilos que conversam com o universo rústico há uma longa data.

Então, bateu a curiosidade? Vem com a gente nesse texto para entender as relações entre os ritmos latinos. Aqui você vai ver também como a bachata influenciou e continua presente no contexto musical brasileiro! Vamos lá?

Em primeiro lugar, iremos te contar a origem da bachata, para ser possível compreender como ela chega ao Brasil. O ritmo caribenho (reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2019) nasceu do bolero. A bachata é um estilo musical popular que teve origem nas festas da periferia dominicana. A princípio, o termo “bachata” era usado para nomear esses encontros. A partir da mistura de ritmos presentes nesses locais, ele passou a definir um novo estilo musical que futuramente faria diversas pessoas dançarem ao redor do mundo. 

Os principais expoentes da história da bachata são José Manuel Calderón — considerado o primeiro artista a gravar músicas de bachata em um disco, por volta de 1960 —, Tommy Figueroa e Rafael Encarnación. Atualmente, Juan Luis Guerra, Romeo Santos e Prince Royce são os artistas mais populares do gênero. Eles são responsáveis por vender milhares de álbuns e se apresentaram em diversos países.

Prince Royce é o príncipe da Bachata.
Prince Royce, o príncipe da bachata (Foto: Pipe Jaramillo/Sony Music/Cortesía)

Entre a sofrência e o gingado: elo musical entre os países latinos

Assim como a latinidade, o que Brasil e República Dominicana têm em comum? Por que bachata e sertanejo têm tudo a ver?

Bom, a ligação entre os ritmos está no uso de alguns instrumentos semelhantes, sua origem popular, dança e letras. Nesse sentido, vamos começar pela composição da bachata: a sonoridade mais característica do estilo é a percussão marcada pelo bongô (instrumento com dois tambores pequenos), pela güira (cilindro de metal), acompanhados do requinto e violão.  

Bongo à esquerda e güirra à direita (Foto: divulgação)

O sertanejo recebeu influências da música latina desde o início. Logo no processo de urbanização do Brasil, houve um embate entre os cancioneiros caipiras tradicionais e os que visavam modernização não só do espaço, mas também da música. Os sertanejos abraçaram as influências da música internacional e o bolero, a ranchera mexicana, a guarânia paraguaia e o chamamé argentino foram alguns dos primeiros ritmos incorporados. A partir daí, mais renovações surgiram ao longo das décadas, abrindo espaço para que a bachata sertaneja se formasse.

A semelhança entre os estilos está no uso comum do violão e na melancolia presente em ambas as melodias. Além disso, eles se assemelham ainda mais por suas letras de sofrência, que, ao mesmo tempo, possuem caráter dançante e sensual em certa medida. Por falar em dança, o balanço da bachata e do sertanejo também é semelhante. Os dois são dançados em dupla e se caracterizam por uma série de passos simples que produzem movimentos de frente para trás ou de um lado para o outro.

Respeita o embaixador (da bachata sertaneja?) 

O embaixador é um grande representante da bachata sertaneja.
Gusttavo Lima: o rei da bachata sertaneja (Foto: Érico Andrade/G1)

De antemão, a bachata e o sertanejo passaram por transformações ao longo do tempo e foram influenciados por ritmos urbanos como o reggaeton, por exemplo. De tradicionais, eles foram se reformulando com os anos, apresentando outras formas de composição. É possível notar isso quando vemos o “príncipe da bachata” embarcar em parcerias com artistas como Maluma, astro da música pop colombiana. Aqui no Brasil, quem não se lembra de “Loka” de Simone e Simaria com Anitta ou “Acordando o Prédio” de Luan Santana, né? 

Pois é, mas se tem um artista que é fã de carteirinha do ritmo tradicional dominicano é ele: Gusttavo Lima. O cantor não foi o primeiro a trazer o ritmo para o Brasil, mas é um grande entusiasta da bachata e sem dúvidas ajudou a popularizar o ritmo caribenho em terras brasileiras

Nesse sentido, a bachata sertaneja acompanha o embaixador há bons anos. É possível perceber o toque bongô há quase 10 anos em sucessos como “Jejum de Amor” produzida por Eduardo Pepato para a dupla Fred e Gustavo e regravada pelo artista. Da mesma forma, outras músicas do embaixador em que é possível notar a influência da bachata são “Milu”, “De Menina pra Mulher”, “Cem Mil”, “Carrinho Na Areia” e por aí vai.

Por outro lado, ainda que o artista incorporasse outros ritmos e testasse novas sonoridades com o tempo, seu coração se encontrou na sofrência latina. A ligação é tão forte que há algum tempo Gusttavo se jogou na carreira internacional, colaborando com gigantes da bachata.

Brasil bachata: descubra por onde passou o toque bongô

Além de Gusttavo Lima, outros artistas também se jogaram na bachata sertaneja, como Henrique e Juliano, Marília Mendonça, Michel Teló, Gustavo Mioto e Bruno e Marrone

Listamos abaixo algumas músicas que fazem parte do mix de bachata sertaneja e que com certeza você já ouviu. Olha só: 

  • Proposta Indecente (Propuesta Indecente) – Cheiro De Amor ft. Lucas Lucco (2015)
  • Infiel – Marília Mendonça (2016)
  • Cidade Vizinha – Henrique e Juliano (2018)
  • Bachata C&A – Conrado & Aleksandro (2019)
  • Despedida de Casal – Gustavo Mioto (2020)
  • Fim de Festa – Bruno e Marrone (2021)

Então, lembrou de outra música que encaixaria nessa lista? Conta aqui nos comentários! E se você gostou do texto e quer conhecer mais músicas que possuem influência dos estilos, corre no meu aplicativo para ouvir e baixar o melhor da bachata sertaneja! 

Hannah Baudson