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EP de estreia da banda Alteris apresenta riqueza sonora inédita na novíssima música brasileira

Por: Gustavo Morais

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Diretamente de Barra Mansa (RJ), a cena alternativa da novíssima música brasileira ganhou de presente a banda Alteris. Formado por João Barros (vocal), Mahayan Maximiano (guitarra), Igor Telles (baixo), Dayan Maximiano (teclado) e Felipe Miranda (bateria), o quinteto apresenta em sua sonoridade a essência das musicalidades psicodélicas, latinas e progressivas.

A jovem banda acaba de lançar seu primeiro registro fonográfico, o EP AMI. A estreia dos caras foi em grande estilo, diga-se de passagem.

Em seu EP de estreia, AMI, Alteris soa como uma banda veterana

Clique na imagem e baixe o tesouro musical que é o EP AMI (Divulgação)

Os trabalhos são abertos com a enigmática Salamandra. Trata-se de uma música emoldurada por um arranjo que vai da melancolia ao estado de nirvana. É incrível a dinâmica mutante que o grupo mostra nessa canção! Começa numa onda meio pós-punk, passa por um rock e termina no melhor estilo Carlos Santana – inclusive com um solo de guitarra bem top. “Riqueza sonora” são as palavras exatas para definir essa ótima canção

Na sequência, a faixa Revolução Interna chega conduzida pelo tom de “bem-vindo ao mundo adulto”. De maneira poética, certeira e instigante, a letra dessa música  pode ser encarada como uma espécie de “puxão de orelhas” na turma que acredita que o ativismo de sofá e distribuição de lacres via redes sociais são as ferramentas ideais para fazer do mundo um lugar mais interessante. O melhor conselho do dia, a gente encontra em um dos trechos da canção: “Desça do seu mais alto altar/Não há sequer nenhum degrau/Quem sabe um dia perceberá/Somos todos filhos dos cantos de cá”.

Com jeito de bossa nova pós-moderna, a canção Cada Um mantém o elevado nível de qualidade do EP. Escudada por uma batida cadenciada, ligeiramente eletrônica e quase hipnótica, essa faixa trata de questões que envolvem livre arbítrio e autoaceitação. Na era em que o bullying e suas consequências nefastas, como o suicídio, por exemplo, são fantasmas a serem exorcizados, a banda Alteris tem a música que pode funcionar como mantra e/ou oração.

Banda Alteris divulga EP de estreia, Ami

A qualidade da Alteris é visível nas letras e também na sonoridade (Foto/Divulgação)

Outro grande momento da obra é a emblemática Bom ou Ruim. Cheia de efeitos, inclusive na voz, e construída com um arranjo que não cabe nas classificações comuns do rock, essa música é o que podemos chamar de “alternativo raiz”. De quebra, a letra da canção é o alerta perfeito para fugirmos do canto da sereia que é entoado pela ala da sociedade que está pronta para perseguir, julgar e condenar.

Por fim, mas não menos importante: uma banda que não tem muito tempo de estrada, mas que soa com a propriedade da galera veterana é algo que não tem preço. Ouvir esse tipo de trabalho é uma experiência sensorial realmente singular.

Com AMI, a Alteris conseguiu alinhar arranjos bem elaborados, letras inteligentes e um incrível senso estético por parte de quem cuidou da produção. Felizmente, por mais que seja um caldeirão sonoro, o trabalho não tropeça nos devaneios do exagero.

No final das contas, esses jovens e talentosos músicos mostram que o século XXI também é cenário para a existência de músicas que resistirão ao teste do tempo. A novíssima música brasileira agradece a cada um de vocês, rapazes!

Gustavo Morais