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O Retrô Ativo lança disco intenso, visceral e que revigora o rock brasileiro

Por: Gustavo Morais

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Diretamente de Ouro Preto do Oeste, cidade do interior de Rondônia, o power trio O Retrô Ativo [ORA] está na estrada há cerca de quatro anos. Formada por Yves Castro (voz/guitarra), Vinicius Fernandes (baixo) e Fábio Augustini (bateria), essa trinca de músicos é a prova de rock and roll nacional está vivo, moderno e ainda cumpre o seu papel transgressor.

Em 2019, os caras lançaram seu disco de estreia. Com 12 faixas autorais, o álbum já começa bem pelo nome: A Vontade de Rir é Grande. Neste momento de caos universal, nada melhor do que encarar as tretas sob a ótica da irreverência, não é mesmo?

A Vontade de Riri é Grande marca a estreia da banda OR.A

Disco de estreia do OR.A é pura energia (Divulgação)

Ao dar o play nas músicas, os poros são invadidos por um som visceral, vigoroso e instigante! Esse caldeirão de punch emoldura letras desafiadoras, existenciais e que são um verdadeiro veneno contra a caretice.

A faixa de abertura, a intrigante Like a Keith Richards, é um convite perfeito para refletirmos se estamos realmente vivendo ou apenas existindo. Além da letra, que é um pesadelo para os tempos politicamente corretos – vide o verso “Acorda, come e dorme, trepa aos fins de semana”, por exemplo – essa música apresenta uma dinâmica sedutora. O ritmo vai do peso das guitarras rasgadas, passa pelas batidas mais pops e deságua no rockão despojado. De quebra, a canção tem um clipe honesto e feito sob medida para a mensagem proposta.

Na sequência, o blues alternativo que é a faixa Valeu A Pena lida com a questão de relacionamentos. Com participação do conterrâneo Tom Rodrigues, da ótima banda Os Últimos, essa música deixa bem claro que roqueiro também sofre com separações, divórcios ou qualquer coisa que o valha. Porém, o impacto da ruptura não precisa beirar a decadência.

O Retrô Ativo é um dos expoentes do rock independente

O Retrô Ativo faz um rock inteligente, visceral e bem produzido (Foto/Divulgação)

Com cara de hit, Que Nem Café é a uma das canções mais surpreendentes do álbum. Ela vai do baião aos ecos do rock brasileiro dos anos 80, ou seja, mistura som de triângulo com momentos que remetem aos melhores refrões do Biquini Cavadão e do Capital Inicial. Por sua vez, a letra é sobre a dor e a delícia de ter autonomia sobre a própria vida.

Outro grande momento do trabalho é a música Loucura. Esse rockão de garagem é uma espécie de cartilha sobre como não sucumbir aos devaneios dessa realidade encenada que é a política brasileira. É a canção sobre resistência que a gente tanto espera dos medalhões do rock nacional. Mas já que esse discurso parece ter virado tabu no mainstream, via OR.A, a cena independente mete o pé na porta e propõe um baita dum adeus à alienação.

Dando continuidade ao tom politizado, a faixa Assim Falava é uma das mais inflamadas do álbum. Entre uma verdade e outra, a letra fala sobre “seguir a massa”, manipulação de ideias, fanatismo ideológico e opiniões enlatadas. Para melhorar, o arranjo é o rock mais arrasa quarteirão que você vai ouvir hoje. Dito isso, entende-se que estamos diante de uma música para se dançar com a mente e com o corpo.

O Retrô Ativo é expoente da cena musical autoral rondoniense

OR.A é a banda de rock que o Brasil precisa ouvir (Foto/Divulgação)

De maneira arrebatadora, a balada Não Há Razão encerra o álbum com chaves de bom senso. Com muito bom gosto, a sutileza das harmonias do piano conduzem uma canção sobre as venturas e desventuras de ser gente grande. Eis a forma musical ideal para separar os homens dos meninos.

Por fim, mas não menos importante: A Vontade de Rir é Grande deixa claro que além de ótimos músicos, a turma do O Retrô Ativo é formada por gente inteligente e cheia de conteúdo. O disco é um verdadeiro canhão de ironia, personalidade e inteligência pra cima de quem não tem nada a dizer, mas tenta dizer coisas inteligentes. Conversar com esses caras deve ser o máximo! Por isso, se eles passarem aí pela sua cidade, não perca a oportunidade de conferir o show. No mais, aumenta o som, pois, isso é rock and roll do mais visceral!

Gustavo Morais