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Piseiro ou pisadinha? Tudo sobre o fenômeno do Nordeste!

Por: Thiago Fagundes

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Você curte uma sofrência, um passinho e um som que é a cara do Brasil? Então aposto que se liga em piseiro ou pisadinha! Neste post, vamos te contar a história dessa vertente do forró! O que ela é? Quando surgiu? Quais são os artistas em alta? Quais foram seus antecedentes? Continue a leitura e descubra!

Piseiro ou pisadinha, quem veio primeiro e como tudo começou?

Antes de mais nada, piseiro e pisadinha são a mesma coisa. Ou, no máximo, poderíamos dizer que o piseiro derivou-se da pisadinha. Fato é que o termo pisadinha é mais antigo, apenas isso.

Primordialmente, o instrumento que viabilizou a pisadinha foi o mesmo que deu vida ao forró eletrônico: o teclado arranjador. Nesse tipo de teclado, é possível fazer programação em linguagem midi, manipular e reproduzir samples de instrumentos reais.

Teclado arranjador: a estrela do piseiro (Foto: Pexels)

Ou seja, com apenas um músico no palco, você já tem o som da banda inteira. Em consequência disso, o forró de teclado foi ganhando a periferia e os sítios do interior. Visto que não precisava de uma mega estrutura para o artista dar o seu show, bastava o cantor e o tecladista.

Também as ‘’festas de paredão’’ onde originalmente predominava o funk e o tecnobrega passaram a incorporar esse forró de teclado. 

Posteriormente, os mesmos produtores e músicos que programavam os teclados dos forrozeiros começaram a incorporar outros ritmos. Foi aí que o xote, o pagodão baiano e o fandango gaúcho foram adicionados à mistura que resultaria no ritmo pisadinha.

E é isso que relata Nelson Nascimento, um dos pioneiros e dono do primeiro sucesso nacional do gênero, a canção ‘‘Fazer beber’’. Esse hit teve até regravação de Gusttavo Lima, com direito a clipe ao vivo. Além disso, no vídeo o jogador Neymar faz uma participação dançando que ajudou a viralizar a pisadinha no Brasil e no mundo.

piseiro ou pisadinha: o feat de gusttavo lima e neymar
Quem se lembra dessa parceria? (Foto: Gabriel Santos/RioNews)

Como a internet ajudou a divulgar esse ritmo?

Lá em 2018, a #ChallangeDoNordeste ganhou adesão de influenciadores de peso, sobretudo do Whindersson Nunes. Foi com esse desafio que a galera começou a lançar os passinhos e a bombar músicas de pisadinha. 

No ano seguinte, um fã piauiense do ritmo começa também a fazer sucesso nas redes sociais com vídeos de dança. Nascia então o primeiro influencer do piseiro, o Orlandinho.

Já na área musical, a pisadinha foi incorporando cada vez mais o funk e o brega funk. Até mesmo as letras que antes versavam mais sobre temas rurais passam a reproduzir a linguagem do ritmo carioca. Por outro lado, o vocabulário e as temáticas do sertanejo e da sofrência também passam a ser incorporados. 

Como resultado dessa mistura musical toda e com a viralizada que acabou dando graças aos influencers digitais, o piseiro ou pisadinha ganhou o Brasil. Nesse novo cenário da música pop brazuca, agora dominado pela pisadinha, vários artistas do gênero, a exemplo dos Barões da Pisadinha, passaram a liderar os rankings de streamings nas principais plataformas.

E não podia ser diferente, no período da pandemia, a dupla de músicos, Rodrigo Barão (voz) e Felipe Barão (teclado) fez lives super produzidas. Com isso arrebataram milhares de novos fãs para o ritmo, sobretudo entre o público jovem.

O piseiro ficou pop

Como não poderia deixar de ser, artistas do pop rapidamente passam a flertar com o ritmo. Pabllo Vittar, por exemplo, em parceria com o Biu do Piseiro, lançou o remix de ‘’Clima Quente” (de autoria de Biu). Como resultado, a música foi uma das mais tocadas de 2020.

A faixa faz parte do álbum “111 Deluxe” (Imagem: divulgação/Pabllo Vittar)

Do mesmo modo, esse fenômeno musical brasileiro absorveu muito de outras culturas musicais na medida em que também foi aceito e incorporado por elas. 

Dessa forma, a batida do piseiro logo seria sampleada e viraria um outro beat, mais pop, encaixando-se no trabalho de artistas dos mais variados gêneros. Duda Beat, por exemplo, soube dar uma outra roupagem ao ritmo nesta sua produção.

A nova geração do piseiro

De olho no sucesso do ritmo nordestino, os produtores musicais do Sudeste logo passam a entrar na corrida pela produção do próximo hit do piseiro. É aí que surgem também os artistas teen e a nova geração de estrelas pro público adolescente. 

O Zé Vaqueiro talvez seja o artista mais estiloso e descolado do piseiro, haja vista o seu clipe ‘’Volta comigo bb’’ que flerta bastante com o pop internacional. Isso fica evidente em elementos do figurino e do cenário do videoclipe da canção, inspirados em tendências estéticas como o retrofuturismo, que está bastante em voga lá fora.

Assim como Zé, João Gomes é outro artista jovem entre os principais sucessos da nova geração do piseiro. Com apenas 18 anos, ele conseguiu emplacar o single ‘’Meu Pedaço de Pecado’’ como a música nacional mais tocada nas plataformas de streaming neste ano.

Com milhões de streams diários e pouquíssima idade, essa galera é a nova aposta da indústria fonográfica nacional. Donos de hits instantâneos e assíduos em mídias como TikTok, esses artistas souberam aproveitar a tendência dos passinhos coreografados na plataforma para popularizar suas músicas.

Piseiro ou pisadinha? Não importa, as minas tomaram a cena!

Por outro lado, assim como ocorre no sertanejo universitário, que gerou o fenômeno do feminejo, o piseiro também é com elas! Nessa ala feminina do rolê, Cris Lima Cheirosa, Brisa Star e Mari Fernandez não ficam atrás! 

Com apenas 14 anos, Brisa aposta na universalização do piseiro investindo em versões de divas pop internacionais. Isso mesmo, ela teve a manha de transformar “We Can’t Stop” em pisadinha. A versão intitulada “Se Joga no Passinho” já figura entre as músicas com mais streams nas plataformas. 

Já a Cris Lima Cheirosa parece estar mais ligada às raízes. O piseiro que essa artista está fazendo é repleto de elementos da música sertaneja e da cultura do interior. O que se evidencia na identidade visual e na sofrência sertaneja pulsando nas letras de suas canções.

Enfim: piseiro ou pisadinha… Não importa o nome, o importante é arrasar no passinho e curtir esse som contagiante do Nordeste! Aliás, se você gostou desse conteúdo exclusivo, compartilhe com seus amigos que também gostam de descobrir novos sons. Ah… Não deixe também de conferir nossas playlists exclusivas!

Thiago Fagundes