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Raio-X: Angelim dá aula de sofrência em novo EP

Por: Gustavo Morais

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O cantor goiano Angelim lançou, neste mês, o EP “Angelim e Suas Histórias”. Gravado ao vivo, em Goiânia, o material apresenta 5 músicas autorais, sendo 4 delas inéditas. A produção musical ficou nas mãos de Marcos Buzzo, conhecido por trabalhar com astros do sertanejo atual.

EP apresenta lado autoral do artista (Divulgação)

O EP é sofrência pura! Em 100% das letras das músicas, Angelim canta sobre términos de relacionamentos. Porém, a sensibilidade poética do artista faz com que as faixas não sejam meras variações de fracassos afetivos. Apesar de girarem em torno de um mesmo tema, os versos das canções são diferentes entre si são resguardados por arranjos diferenciados.

A primeira música de trabalho é “Gargalo”, uma canção cujo arranjo é bem próximo do que pode ser ouvido nos sertanejos mais antigos. A faixa marca o feat. de Angelim com a Zé Neto e Cristiano, uma dupla que dispensa qualquer apresentação. Por mais que passe batido pelos ouvidos menos atentos, essa música é uma espécie de “sofrência consciente”. O segredo está no detalhe dos versos “Eu vou beber é no gargalo/Toma aqui a chave do carro/Que a intenção é ficar ruim mesmo”. Por mais que esteja disposto a cair na esbórnia, o artista fortalece a mensagem sobre a péssima ideia que é a combinação “trânsito + álcool”.

Seguindo a vibe de violão, sanfona e instrumentos percussivos, a faixa “Volta Pra Mim” mantém a boa impressão inicial do EP. A capacidade vocal que Angelim apresenta na interpretação da letra é o grande destaque destaque dessa música. Ouvir um cantor que realmente sabe cantar é um festival para os ouvidos. Em “Conflito Interno”, ele tira os holofotes do sertanejo raiz e aposta nas tendências modernosas. Felizmente, o arranjo eletrônico é mais polido e não peca pelo exagero.

Angelim está pronto para o sucesso (Foto/Internet)

A sutileza dos arranjos acústicos voltam a dar as cartas na faixa “Miragem”. Desta feita, a letra é um misto de decepção e competição. Mostrando o lado mais dramático de sua interpretação, Angelim canta sobre um relacionamento fracassado e que deixará frustração para todas as partes envolvidas. Lançada em outro momento da carreira do artista, o hit “Fio Dental” volta para encerrar o EP com “chave dourada de sofrência”. Com um arranjo melhor elaborado, a música assume uma postura menos rítmica e mais melódica. Ponto para o produtor!

Por fim, mas não menos importante: a capacidade inventiva de Angelim é uma qualidade louvável. Com pleno domínio sobre as palavras, o artista deixa claro que uma única obra suporta variações de um mesmo tema. O segredo é saber arquitetar versos e investir na concepção de arranjos. A novíssima música brasileira agradece!

 

Gustavo Morais