1. Página inicial
  2. blog
  3. Notícias
  4. Raio-X: Dolores 602 mostra que há vida inteligente na novíssima música brasileira

Raio-X: Dolores 602 mostra que há vida inteligente na novíssima música brasileira

Por: Gustavo Morais

Compartilhe no Facebook
Compartilhe no Twitter
Copiar link

Formada por Débora Ventura (voz/violão/guitarra), Camila Menezes (baixo/ukulele/vocais), Táskia Ferraz (guitarra) e Isabella Figueira (bateria), a banda Dolores 602 é uma ótima representante da sempre frutífera cena mineira de pop rock. Com fortes influências de bandas contemporâneas, mas sem nunca esquecer as referências clássicas do passado, o quarteto faz um som que transita entre folk, blues, pop e rock and roll.

Em 2018, depois de uns bons anos de estrada e um EP, a banda lançou seu álbum de estreia, “Cartografia”. Com pegada indie pop e co-produção de Thiago Corrêa (Transmissor), o álbum contém 10 faixas autorais. As músicas apresentam sonoridade intensa, moderna e fluida. As guitarras são brilhantes e, em conjunto com baixo e batera vintage, emolduram uma voz  aveludada e penetrante.

(Imagem/Divulgação)

As letras apresentam o discurso e a personalidade de uma banda formada por “mulheres fortes e feministas que levam a poesia a sério”. A atitude da banda pode ser observada, por exemplo, na sensibilidade com que elas traçam um paralelo entre a música e os novos movimentos artísticos e políticos que rolam em BH. A inspiração para a criação da música “Cura meu Olhar” veio das atividades do Circuito Urbano de Arte (CURA), intervenção urbana plural que coloriu uma paisagem antes cinza.

A variedade de temas das letras é uma ótima constante no disco. Com cara de hit, a faixa “Ponto Zen”, por exemplo, é uma deliciosa narrativa sobre erotismo. Por sua vez, de forma poética e acabamento sonoro surpreendente,  “Cartografia” é uma das mais belas declarações de amor dos últimos tempos. Já a quase hipnótica “Voo” sugere uma reflexão sobre as efemérides e dificuldades de ser gente grande. O tom reflexivo reencontra forças na sutileza de “Dolores”, uma canção cuja letra nos lembra de que “todos somos iguais”.

(Imagem/Divulgação)

Por fim, mas não menos importante: o som da banda impressiona por sua originalidade e alto nível das canções. Na era do empoderamento de baladas e das frases cheias de efeitos, mas desprovidas de sentido, o quarteto mostra que é possível fazer música sem seguir receitas ou criar rascunhos em cima de cópias mal planejadas. Se você gosta de música para dançar com o corpo e com a mente, o Palco MP3 da Dolores 602 é o lugar ideal para os seus ouvidos.

 

Gustavo Morais