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Raio-X: novo disco do trio Os Últimos é um veneno anti-melancolia

Por: Gustavo Morais

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Formado por Tom Rodrigues (guitarra/voz), Rogério Madeira (baixo) e Laura Brandhuber (bateria), a banda Os Últimos defende as cores do rock rondoniense desde 2011. Em sua bagagem, o trio tem um disco homônimo (2014), um EP Ao Vivo (2017) e acaba de lançar o álbum “Até Onde Toca O Horizonte”. O novo trabalho apresenta 10 faixas autorais e uma maturidade sonora que serve de exemplo para qualquer artista da cena independente.

Meio Tropicália, meio New Wave, eis a amostra que um bom disco também pode começar por uma capa (Divulgação)

Com uma introdução de teclados, ao estilo Styx ou Journey, a faixa “A Espera” abre o álbum com “claves” de ouro! No decorrer da música, o arranjo traz para o século XXI o melhor do som da década de 1980, ou seja, nada de baterias eletrônicas, mas bastante licks de guitarra clean e um baixo tocado de forma precisa. Na sequência, a mensagem resiliente de “Velha Vida” mantém o alto nível de boas vibrações sonoras. Com direito a um ótimo videoclipe, a música tem plenas condições de disputar paradas de sucessos com os sons do mainstream.

Logo na sequência, “I Want You” apresenta ao público o momento mais comercial do disco. Trata-se de uma faixa leve, suave e bem cadenciada. Estamos falando de uma música que cabe em playlists, trilhas de produções audiovisuais, etc e tal. Em contrapartida, “Você Não Me Entrende (Oblíquo)” é a canção que mostra o lado despretensioso tão comum em artistas da cena independente. Com uma letra menos pegajosa e uma execução mais densa, a canção é pra quem curte o melhor do “lado b”. Dica: nem tente não tocar air guitar durante o solo.

Um power trio pra ninguém colocar defeito (Foto/Facebook)

Ao longo de todo o disco, a band acerta a mão no quesito letra. As mensagens são resilientes, positivas e “pés no chão” . Porém, a pegada meio rapper e existencialista de “Exército dos Clones” é o momento que faz o ouvinte pensar fora da caixa. Por sua vez, o uso inofensivo do deboche na parte textual de “Fake” é uma verdadeira aula de como se se comportar no mundo politicamente correto. De quebra, Laura Brandhuber detona na bateria e espanca cada ton com mais vigor do que muito marmanjo por aí.

Dois caras, uma mina e muito rock (Foto/Divulgação)

Por fim, mas não menos importante: é comum ouvirmos por aí que o rock brasileiro atual caminha para os lados da melancolia e da apatia. É como se as bandas seguisse a tendência de soarem cinzas, esquálidas e repetitivas. Porém, no mar de reticências em que se encontra boa parte da cena atual, o trio Os Últimos é um ponto de exclamação. A novíssima música brasileira agradece!

Gustavo Morais