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Retrospectiva 2020: um balanço do ano e uma análise dos desafios futuros da música independente

Por: Gustavo Morais

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O ano de 2020 já é quase parte do nosso passado recente. Chegou a hora, então de fazermos uma retrospectiva deste período que é um forte candidato a marco zero do período mais complexos do século XXI. 

Os últimos 12 meses promoveram intensas e profundas mudanças em todos os setores, sobretudo por causa da pandemia da Covid-19. Como não poderia ser diferente essa crise sanitária também refletiu na indústria cultural – principalmente na cena independente.

A seguir, você confere as reflexões de uma autoridade máxima em música independente feita no Brasil. Estás pronto para essa conversa, meu amigo e minha amiga? Então, vamos lá!

Retrospectiva 2020 da música independente

O presidente da Associação Brasileira de Música Independente (ABMI), Carlos Mills, faz um balanço do ano e avalia os desafios do setor neste período de pandemia.

Power trio de música independente, durante performance
Será que a música independente teve um bom ano? (Foto/Pexels)

Suas declarações consideram os dados divulgados na pesquisa que mapeou o mercado da música independente no Brasil (leia mais aqui). E nas avaliações que experts apresentaram durante o Rio Music Market, realizado pela ABMI em dezembro.

Confira os principais pontos levantados por Mills.

Como foi 2020 para a Música Independente

Houve um equilíbrio. Por mais que todos sentimos que o pêndulo tencionou para o lado negativo, Mills acredita que podemos elencar impactos negativos e positivos em relação ao setor musical como um todo:

  • Negativos: forte impacto negativo para a música ao vivo. Músicos e técnicos de espetáculos sem renda para subsistência. Receitas de execução pública caem.
  • Positivos: crescimento dos serviços interativos de streaming, em faturamento e em quantidade de usuários. Aumento da produção de conteúdo gravado pelos artistas e gravadoras: estimamos em mais de 30% o aumento da produção neste período. Novas composições e parcerias inéditas entre artistas.

Mills ainda sugere uma equação interessante, do tipo que o negativismo provocado pelas circunstâncias nos impede de enxergar. Segundo ele, “equipamentos mais baratos + pandemia = aumento da produção”.

“No cenário da música gravada, o mercado já vinha trabalhando em ‘home office’ muito antes da pandemia. O barateamento dos custos dos equipamentos propiciou aos músicos gravar colaborativamente, cada um de sua casa. A pandemia apenas acelerou e consolidou este movimento que já vinha ocorrendo naturalmente”, justifica.

Pesquisa da ABMI mapeia o mercado da música independente

“Em relação à pesquisa que realizamos com o mapeamento do mercado da música independente, tivemos algumas surpresas. O otimismo dos produtores independentes com o futuro do negócio, que atingiu um percentual de 89%, sem dúvida surpreendeu”.

Banda de rock independente, durante apresentação no formato live
Segundo ABMI, 2020 foi bem melhor do que imaginamos (Foto/Pexels)

Outra surpresa, esta não tão positiva, “foi a constatação de que a diversidade de gênero dentro das gravadoras independentes brasileiras, mesmo entre homens e mulheres cis, ainda está longe da ideal, em especial nos cargos estratégicos e de gestão”.

Streaming ainda tem muito a crescer no Brasil

“Segundo as estimativas da ABMI, ainda estamos longe do ponto de saturação do mercado de streaming no Brasil, em termos de quantidade de assinaturas. Mas a pandemia mostrou a consistência deste modelo de negócios, sem dúvida alguma”, revela Mills.

Tendências do mercado da música nos próximos cinco anos

No Rio Music Market, evento realizado pela ABMI, Patrick Ross, SVP da Music Ally, apontou a indústria do game como um terreno onde a música pode crescer muito.

“Concordo plenamente, já existem muitas iniciativas em andamento. Concertos virtuais, em realidade aumentada, interativos, devem crescer muito. Já temos shows ‘ao vivo’ sendo transmitidos dentro dos games e que alcançam um público enorme. A tendência é esta área ter um grande desenvolvimento num futuro próximo”

Ainda segundo Mills, teremos a “virtualização de eventos; realidade aumentada; o streaming interativo de música vai atingir, na maioria dos mercados, o ‘platô’ de crescimento; maior integração entre música e games”.

Lives e shows pela internet ainda farão sucesso

Segundo Mills, o impacto da Covid-19 em 2021 “será semelhante ao deste ano, com os espetáculos ao vivo enfrentando dificuldades e o setor da música gravada seguindo em crescimento sustentável”.

Neste cenário, ele compreende que novos formatos de consumo de música serão aperfeiçoados e moldados. 

O formato live é alternativa para consumo de música (Foto/Pexels)

“A tecnologia evolui muito rápido e poderá oferecer opções cada vez mais interessantes para quem assiste. Ao mesmo tempo, os times dos artistas estão aprendendo a lidar com essa nova realidade. Acredito que num futuro próximo teremos eventos mais profissionais e menos eventos gratuitos, pois afinal de contas existem equipes que precisam sobreviver de seu trabalho”.

E já que o formato live parece que realmente veio para ficar, confira algumas dicas para melhorar os processos de produção de seu conteúdo audiovisual.

E com otimismo na mente, vamos nos despedindo de 2020. Em nome da família Palco MP3, este escriba deseja um 2021 de conquistas, sucesso, saúde e todas as vibrações positivas para você!

“Este ano, quero paz no meu coração…”

Gustavo Morais