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Novo disco da Selvagens à Procura de Lei é intimista, inovador e fundamental para os tempos atuais

Por: Gustavo Morais

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O ano de 2019 marcou a primeira década de existência da banda cearense Selvagens à Procura de Lei. Ao longo dos últimos 10 anos, os músicos Gabriel Aragão (guitarra/voz/teclados), Rafael Martins (guitarra/voz), Caio Evangelista (baixo/voz) e Nicholas Magalhães (bateria) se firmaram como case de sucesso na cena independente. Com toda sua originalidade e personalidade artística, a SAPDL se destaca numa era em que o pop rock é desprezado pelos grandes meios de comunicação. O resultado do desempenho tão frutífero desse quarteto arretado pode ser observado em três aspectos:

  • A sempre movimenta agenda de shows
  • A sólida base de fãs
  • Uma discografia que já tem 7 lançamentos (4 discos, 2 EPs e 1 registro ao vivo)

E por falar em lançamentos… No ano passado, a banda comemorou mais um aniversário com um disco e inéditas. 9 em cada 10 bandas celebraria esta data tão importante com um projeto revisionista. A Selvagens à Procura de Lei é a exceção dessa regra. Em novembro de 2019, os caras lançaram o disco Paraíso Portátil.

Paraíso Portátil é o quarto disco da banda Selvagens à Procura de Lei

Capa de Paraíso Portátil mostra traço psicodélico no trabalho da banda (Imagem/Acidum Project)

O álbum mostra que a banda segue a tendência de dar uma moldura diferente para cada lançamento. Ao longo de 11 faixas, Paraíso Portátil mostra uma estética sonora diferente de seu antecessor, Praieiro (2016), que era cheio de brasilidades. No novo disco, o quarteto se aproxima do pop contemporâneo e mergulha mais fundo no tom confessional das letras.

A sonoridade do álbum bebe em fontes psicodélicas de Tame Impala, Gorillaz, Connan Mockassin, Clube da Esquina, entre outras feras. Por suas vezes, as letras abordam temas sobre sentimentos, medos, superação e renascimento. Exemplo da busca por temas mais densos, a faixa Eu Não Sou Desse Mundo versa sobre depressão, suicídio e redenção, tendo a cena política em Brasília como inspiração. Já nas faixas Sede ao Pote e Intuição, a banda faz evoca à beleza natural e a musicalidade que vem do Ceará.

Na faixa Sem Você Não Presto, uma batida ligeiramente pop eletrônica serve de cenário para uma letra sobre relacionamentos. “Embora pareça tratar de um casal, na verdade, a letra é sobre uma reaproximação com a espiritualidade, sobre fazer as pazes com Deus. É uma música de muitas perguntas, mas de muitas respostas também”, explica a banda. Outro momento interessante é a oitentista Déjá Vu, faixa que apresenta ao mundo os talentos vocais do baixista Caio Evangelista.

Banda Selvagens À Procura de Lei

Selvagens À Procura de Lei é expoente da cena independente (Foto/Facebook)

Por fim, mas não menos importante: Paraíso Portátil é mais um disco indicado para jogar por terra as falácias sobre a decadência do rock brasileiro. Além de defender o lado autoral da cena, as canções são originais e enaltecem a questão da presença poética nas letras das canções da atualidade. Nesta era tão concreta e pouco romântica, o novo disco da Selvagens à Procura de Lei é lugar ideal para os ouvidos das pessoas que entendem a música como uma extensão da alma.

Gustavo Morais