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Raio-X: Riviera lança EP reflexivo, instigante e visceral

Por: Gustavo Morais

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Nome importante na cena independente mineira, a Riviera acaba de lançar seu terceiro EP. Intitulado “Aquário”, o disco reúne sete músicas autorais e que honram as duas características primordiais do trabalho do grupo: o peso do som e as letras viscerais. Em sua encarnação atual, a banda é formada por Vinícius Coimbra (guitarra/voz), Rapha Garcia (baixo), Rafa Giácomo (guitarra) e David Maciel (bateria).

Disco apresenta dualidades da vida (Imagem/Divulgação)

Ao longo das letras, a banda reflete sobre as delicadas questões que envolvem saúde mental. Sem medo de encarar a seriedade dos fatos, o guitarrista e vocalista Vinicius Coimbra derrama versos que lidam com angústia, depressão e dualidades impostas pelas tendências da vida contemporânea. Os arranjos são inovadores e, felizmente, bem diferentes de uma boa parte do que é visto no cenário atual do rock brasileiro. Experiente e sagaz, o quarteto sabe estabelecer a conexão artística entre as convicções musicais de cada integrante e as tendências internacionais do rock moderno.

Riviera faz um som inovador (Foto/Vitor-Macedo)

Lançada ainda em 2017, a instigante “Entre O Ser e o Que Convém” foi o primeiro single do disco. Dona de um refrão contagiante, essa faixa aborda a questão das “máscaras sociais” que usamos para suportar o dia a dia. Por sua vez, com destaque para a química entre os responsáveis pela “cozinha da banda” – o baixista Garcia e o batera Maciel – a pesada “Do Céu ao Mar” abre o álbum escancarando a temporalidade das coisas.

A visceralidade do discurso da banda continua na faixa “Temporário”, uma das músicas mais bem arquitetadas do álbum. Trata-se de uma canção que começa de uma forma relativamente minimalista, mas vai desabrochando ao longo dos versos. Sem a menor dúvida, musicalmente falando, o ponto alto dessa canção é a performance de Coimbra, que não se faz de rogado e apresenta perfeito domínio sobre técnica vocal.

Com ecos de grunge, “Indefinível” é emoldurada por um timbre de guitarras pesado e “sujo”. Em combinação com o cenário niilista do arranjo proposto pela banda, e letra da música apresenta um sombrio teor de inquietude. Como resultado final, a mente do ouvinte é transportada para uma época em que as bandas tinha maturidade, inteligência e ousadia para elaborar conteúdos tão densos e pessoais.

Banda sabe soar de maneira melódica, porém brutal (Foto/Facebook)

Por fim, mas não menos importante: o som da Riviera é uma experiência sensorial. Com bastante destreza, o quarteto faz músicas que exorcizam os mais temidos demônios interiores. Em tempos de tanta descrença no rock nacional, esses “mineiros maneiros” mostram que há vida inteligente na novíssima música brasileira.

Gustavo Morais